15 de jun. de 2012

Encontro com o escritor: João Gilberto Noll


A Produção Literária esteve em mais um Encontro com o escritor na última quinta-feira, dia 14 de junho de 2012. O evento é oferecido mensalmente pelo SESC Araraquara, que nesta ocasião trouxe João Gilberto Noll. A fala do autor foi mediada pela Prof.ª Flávia Marquetti.

Noll abriu sua exposição com a leitura de trechos de dois de seus livros. Sua maneira de lê-los, sua própria entonação de voz, é um recurso para fazer transparecer o desconforto, o estranhamento, a apatia de seu personagem em relação ao mundo. Com efeito, é essa a origem do Conflito do personagem que Noll revelou ser sempre o mesmo a perpassar em todos seus livros: um protagonista que foge, numa ida sem volta, da realidade ou de certos aspectos da mesma; que deseja que todas as coisas fossem diferentes mas, (talvez) aceitando essa impossibilidade e esse sentimento de insuficiência, lança-se, desventurado, rumo às experiências que sua jornada lhe proporcionará.

“Isso o que estou escrevendo” disse o autor, “não seria a vida de todos?” Sua Literatura não tem afeições realistas, mas caminha entre a prosa e a poesia. É Linguagem, não conteúdo: Noll admitiu que, ao começar a escrever, não sabe muito bem sobre o quê vai escrever. Muito certamente o movimento de alguém que sai mundo afora ao encontro do desconhecido; nesse caso, alguém que entra mundo adentro. A Estrutura traz o Tema para João Gilberto Noll: seu estilo pessoal – tal como seria o estilo pessoal de qualquer outro escritor – é a somatização de tudo aquilo o que o personagem vive.

Tudo viria de um sentimento de insuficiência, porém, dentro dessa condição angustiante, Noll deseja incluir algo que conte como presença: “livros,” ele diz. Sua composição não é de maneira alguma pedagógica: ele não pretende ensinar nada a ninguém. O que o autor deseja é mostrar o Conflito, que por sua vez vai gerar Ação, que por sua vez vai chamar a atenção do leitor. “A experiência humana é você se colocar diante das adversidades,” ele diz; apesar de, inegavelmente, produzir certas vezes, em consequência quase acidental, esse efeito pedagógico, Literatura não é uma escola nem é um modelo – é pathos.

Após a exposição o autor sorteou quatro exemplares de seu livro Anjo das Ondas. Entre os premiados estavam os colegas Bete e Izac da Produção Literária.