A Produção Literária
esteve em mais um Encontro com o escritor
na última quinta-feira, dia 14 de junho de 2012. O evento é oferecido
mensalmente pelo SESC Araraquara, que nesta ocasião trouxe João Gilberto Noll.
A fala do autor foi mediada pela Prof.ª Flávia Marquetti.
Noll abriu sua exposição com a
leitura de trechos de dois de seus livros. Sua maneira de lê-los, sua própria entonação
de voz, é um recurso para fazer transparecer o desconforto, o estranhamento, a
apatia de seu personagem em relação ao mundo. Com efeito, é essa a origem do Conflito do personagem que Noll revelou
ser sempre o mesmo a perpassar em todos seus livros: um protagonista que foge,
numa ida sem volta, da realidade ou de certos aspectos da mesma; que deseja que
todas as coisas fossem diferentes mas, (talvez) aceitando essa impossibilidade
e esse sentimento de insuficiência, lança-se, desventurado, rumo às
experiências que sua jornada lhe proporcionará.
“Isso o que estou escrevendo”
disse o autor, “não seria a vida de todos?” Sua Literatura não tem afeições
realistas, mas caminha entre a prosa e a poesia. É Linguagem, não conteúdo:
Noll admitiu que, ao começar a escrever, não sabe muito bem sobre o quê vai escrever. Muito certamente o
movimento de alguém que sai mundo afora ao encontro do desconhecido; nesse
caso, alguém que entra mundo adentro. A Estrutura
traz o Tema para João Gilberto Noll: seu estilo pessoal – tal como seria o
estilo pessoal de qualquer outro escritor – é a somatização de tudo aquilo o
que o personagem vive.
Tudo viria de um sentimento de
insuficiência, porém, dentro dessa condição angustiante, Noll deseja incluir
algo que conte como presença: “livros,” ele diz. Sua composição não é de
maneira alguma pedagógica: ele não pretende ensinar nada a ninguém. O que o
autor deseja é mostrar o Conflito,
que por sua vez vai gerar Ação,
que por sua vez vai chamar a atenção do leitor. “A experiência humana é você se
colocar diante das adversidades,” ele diz; apesar de, inegavelmente, produzir
certas vezes, em consequência quase acidental, esse efeito pedagógico, Literatura não é uma escola nem é um modelo – é pathos.
Após a exposição o autor sorteou quatro
exemplares de seu livro Anjo das Ondas. Entre os premiados estavam os colegas Bete
e Izac da Produção Literária.