8 de set. de 2012

Encontro com Escritores: Luiz Ruffato e Ana Mariano



A Produção Literária esteve na última segunda-feira, 03 de setembro, no Encontro com Escritores promovido pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo na Biblioteca Pública Municipal "Mário de Andrade". Na ocasião, Luiz Ruffato e Ana Mariano, finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura 2012, falaram sobre suas obras e - o que mais ainda nos interessou - seus processos criativos.

Ruffato contou, numa inicialmente tímida terceira pessoa, sobre a importância de Araraquara em sua carreira literária. Foi cá que ele recebeu seu primeiro prêmio literário, entregue por Ignácio de Loyola Brandão em pessoa. O jovem autor teria partido de trem de Cataguases (MG), sua cidade natal, pensando que alcançaria tranquilamente o nosso burgo. Para seu infortúnio, a linha férrea terminava em Poços de Caldas (MG), a alguns quilômetros antes de cruzar a divisa SP/MG, e ele teve que vir de carona para receber seu prêmio. Não perguntamos se o Ignácio o levou na mercearia do Freitas em Bueno de Andrada, mas é muito provável que sim.

Ana Mariano, portalegrense da mais forte tradição literária gaúcha, contou-nos sobre seus cinco anos de trabalhos debruçados sobre o livro Atado de ervas: os mínimos detalhes pesquisados, como as condições climáticas em determinada data ou mesmo as doenças que afetavam o gado - tudo isso Ana usou para enriquecer sua obra. O que ela compartilhou na ocasião foi de grande importância, tão ou mais enriquecedora, para os presentes: ela repetiu o coro que sempre repetimos, que escrever é um ofício de dedicação que deve ser exercido dia após dia, com disciplina e assiduidade. Completamos, parafraseando Carlos Drummond de Andrade, que engana-se quem pensa que só porque teve um acesso de inspiração momentânea pode chamar-se de escritor. Transpirar é preciso!

Segue abaixo um poema de Ana Mariano, de seu livro Olhos de Cadela (L&PM Editores, 2006), que acreditamos bastante representativo de sua força poética:


Náufraga
Ana Mariano

Era estátua de sal a mulher na areia.
Abrigo vazio com braços de abraços,
o rosto enredado em vigília de espera.

Na garganta estendida, um nó apertado.
Dois olhos castanhos tateando a maré.
O que lhes faltava?
Faróis incompletos, brilhavam, apagavam,
à espreita do mar.

Partida de barco, silêncio de peixe,
angústia de prece vagueando no ar.

E a chama da garça dançando na névoa,
tecido de renda que o tempo do tempo,
ao jeito do vento,
tecia no mar.


O Prêmio São Paulo de Literatura agracia autores em duas categorias, "Melhor Livro do Ano" e "Melhor Livro - Autor Estreante do Ano", com R$ 200.00,00. É de longe o maior (e melhor) prêmio literário do Brasil. Domingos sem Deus, de Luiz Ruffato, concorre ao prêmio de melhor livro do ano, enquanto o supracitado Atado de Ervas, da poetisa Ana Mariano, concorre ao melhor livro de autor estreante, por ser este livro sua estreia como romancista.


A Produção Literária, alunos e professores, deseja boa sorte a ambos os autores e agradece a simpatia e a cordialidade com que foi recebida e atendida em suas questões várias.


Leia a matéria no site da Secretaria de Estado da Cultura, no site 
Araraquara.com, no SimNews, no portal K3, no portal G1 e no site da EPTV.

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