Eu ansiava pela viagem há
muitas semanas. Exatamente como no ano passado, a Flip foi mais que uma feira
literária pra mim: ela serviu como uma terapia. Recomendo a todos.
No sábado fomos pra cidade logo de manhã. Andamos pelo centro
histórico, todos tirando muitas fotos e eu olhando constantemente para chão. Muito
mais que o habitual, aliás: com tantas pedras no meio do caminho era preciso se
precaver - sair de Araraquara, percorrer centenas de quilômetros, chegar a
Paraty, caminhar um pouquinho e, por descuido escorregar ou tropeçar numa
daquelas pedras enormes e se arrebentar todo, realmente, não me apetece.
A cidade é muito agradável. É gostoso desbravar aquelas ruas,
ver tantas casas antigas... mas foi preciso muito cuidado pra não se perder, porque parece um labirinto pra
quem não conhece e não está acostumado a andar por lá. Tudo é muito curioso,
até as portas das casas chamam a atenção. É preciso parar pra tirar uma foto,
pois, pra quem está habituado à cidade e a prédios enormes, tudo aquilo é
novidade. E também não deixa de ser instigante imaginar quantas histórias
aquelas terras abrigam.
Durante todo o dia, as mesas e os escritores que eu vi e ouvi
foram muito interessantes. A festa estava muito melhor que no ano anterior:
gostei do contato maior entre escritores e leitores. Penso que isso é
necessário e muito saudável para ambos: fiquei satisfeito ao ver que as
editoras e a própria feira, estão atentas a isso. A livraria da Flip estava
muito mais organizada, com um espaço maior e muito requisitada pelo público. Em
certos momento era impossível transitar, ou até mesmo entrar nela.
O Wellington estava muito atento. Viu o Hélio de La Peña e
então nós dois tiramos uma foto com ele, que pessoalmente também é simpático e
engraçado como habitualmente costumamos vê-lo.
Durante o dia, todos nós andamos muito. Anoiteceu rapidamente
e ficamos na Flip até altas horas. Tempo suficiente pra que eu não sentisse
mais minhas pernas e as pálpebras dos meus olhos começassem a ganhar peso e
movimentos involuntários. Senti uma vontade irrevogável de dormir e só acordar muitas
horas depois, mas penso que aproveitei bem o dia e a noite, afinal não é sempre
que se vai a Paraty.
O domingo foi mais calmo. Pelo que eu percebi tinha bem menos
pessoas na feira do que no sábado. Eu tinha ainda duas mesas pra ver, que, no
geral, foram boas. Quem estava por lá era também o Fabrício Carpinejar, com
aquelas roupas engraçadas. Foi muito atencioso quando pedi pra tirar uma foto
com ele. À tarde, a Sônia e eu fomos pegar aquelas sacolas ecológicas que
estavam distribuindo. Entramos várias vezes na fila e conseguimos alguns pares
delas. Quando anoiteceu, voltamos pra pousada e todos nós saboreamos várias pizzas. Com paciência e inteligência a
lareira foi acessa e aqueceu nossa noite. A lua estava solitária no céu, deslumbrante.
O ar puro que eu respirava era encantador.
Conversei bastante, dei risadas, aprendi algumas coisas,
imaginei outras coisas, me inspirei, concentrei a atenção na inspiração - pensei a respeito de quê?
eu nem me lembro! - observei
a noite calma e única, tivemos muita música ao vivo, e a cores, e a gostos, e a
todos, fiquei com sono, o tempo passou, me surpreendi, tirei conclusões, ouvi
os sapos coaxarem, fiz suposições, senti frio, o frio desapareceu, a galera
dormiu e eu dormi.
No dia seguinte fomos ao Forte Defensor Perpétuo. O sol
insistiu em não aparecer. Tiramos fotos do grupo todo reunido; fiquei alguns
minutos observando o mar e as nuvens que se aproximavam da gente, anunciando
que haveria chuva. Fomos almoçar num restaurante, depois caminhamos mais um pouco
no centro histórico, pra nos despedirmos da cidade e tirar as últimas fotos.
Fomos ao atelier do
artista plástico araraquarense Lauro Monteiro, situado num lugar muito bonito.
Assim como a pousada que a gente ficou, é no meio da natureza. Ali apreciamos
seu belo trabalho, tiramos mais fotos do grupo e depois voltamos pra pousada; arrumamos
as malas e voltamos pra Araraquara.
A Flip foi muito proveitosa e só não foi melhor porque a
Yvone, o Lucas, o Richard e o Carlos Alberto não estavam presentes, porque
assim o “Grupo da Rua Três” ficaria completo. Mas não vão faltar oportunidades
para que todos nós nos reunamos numa dessas belas viagens da Produção
Literária.
Victor Costa
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